REVISTA VEJA EDIÇÃO
1732 - ANO 34 N.º 51 26/12/01
Depois de perder meu único bebê em um aborto espontâneo, no começo de
novembro de 2001, busco respostas para as minhas dúvidas. Ao devorar a matéria,
veio-me à cabeça todo o drama pelo qual passamos no dia-a-dia com nossos
ginecologistas. Eu mais precisamente, no meu primeiro sangramento, fui ao
pronto-socorro do meu convênio e ouvi da médica de plantão o seguinte, sem dó
nem piedade: "Mulheres na sua idade têm fetos e filhos com problemas. Se
for para abortar, vai abortar mesmo, nada se pode fazer. Não posso pedir um
ultra-som em fim de semana, pois seu caso não é urgente". Era meu primeiro
e único filho, e o perdi definitivamente, três dias depois.
Odete dos Santos
São Paulo, SP
Revista da Folha Ano
11 n.º 580 27/07/2003
MINHA PRIMEIRA VEZ
Acompanhei toda a gravidez de
Carolina Chagas pela Revista, a compra do apartamento, o primeiro ultra-som, a
lista de compras e dicas, e esperava muito o nascimento. Como mulher que deseja
muito ter um filho (perdi duas gestações), fico muito feliz em ler notícias que
deram certo. Que Carolina curta agora seu filhote e aproveite tudo que puder.
Odete dos Santos, engenheira civil, ONG Projeto Ser Mãe
Folha Equilíbrio São
Paulo, quinta-feira, 14 de março de 2002
Correio
Doença de Von Willebrand
"Solicito informações sobre a doença de Von Willebrand, pois vejo
que suas matérias sempre tratam de doenças pouco comentadas e conhecidas. Tenho
uma amiga cujo filho de quatro anos teve diagnosticado essa doença. Ela tem
intenção de engravidar novamente e se encontra desorientada, pois os médicos
pouco informam a respeito. Precisamos de informações sobre procedimentos com
relação a machucados, quedas, medicação que pode ser utilizada, associações que
ajudam no tratamento etc., pois trata-se de um menino que vive com o corpo com
marcas roxas sem motivo aparente. Ela também tem um filho de seis anos com
esofagite crônica, que, durante muito tempo, foi diagnosticada como
diabetes."
Odete dos Santos, via e-mail
Entrevista á Rede
TV 24.09.03 Programa Repórter Cidadão
Programa que foi ao ar em 08.10.04 a partir das 16h15m
Apresentação Marcelo Resende
Entrevistada:- Odete dos Santos
Assunto:- Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clinicas
Entrevista na TV
Bandeirantes – Campinas 06.05.04
As 19h00
Entrevistada:- Rosana Spoto Alves
Assunto:- Tratamento com Imunologia da Reprodução
Entrevista na ALLTV
- Canal 12 TVA 07.05.04
Programa Fala Sério
Das 17h00 as 17h30m, com a participação de internautas.
Entrevistadora:- Emanuela Rego
Entrevistada:- Odete dos Santos
Entrevista na Rede
Mundial 18.05.04
Rua Doraci, 90 - Bom Retiro/SP - tel: 3225-4665.
Programa Vida Plena
Das 9h00 as 10h00m, com a participação do Dr. Osvaldo Ribeiro Filho -
Psicólogo.
Entrevistadas:- Odete dos Santos, Rosemeire Guidoni e Ivone Aparecida
Fernandes Ribeiro.
São Paulo,
segunda-feira, 15 de novembro de 2010 Folha de São Paulo – Painel do
Leitor
Aborto
A matéria sobre a falta de apoio a mulher que sofre um aborto (Cotidiano,
13/11) foi perfeita. Há dez anos tenho um grupo para apoiar a mulher que sofre
a perda e não encontra apoio em médicos e muitas vezes nem mesmo na família. É
uma dor solitária. Passei por ela três vezes. Nosso grupo se chama "Unidas
Pela Dor" e possui mais de cem mulheres. Parabéns à Folha. Ainda
precisamos gritar que precisamos de ajuda, de carinho e de um abraço quando
perdemos um filho.
ODETE DOS SANTOS (São Paulo, SP)
Folha de São Paulo 02.03.11
Mães
Li só ontem a coluna da Rosely Sayão em Equilíbrio ("Criança doente
quer...", 1/ 3), mas desta vez discordo da colunista. O que faz uma mãe
que trabalha e não tem com quem deixar a criança? Meu filho passou mal na terça
de Carnaval. Na quarta eu tinha um serviço de responsabilidade para entregar.
Não fui. Liguei para a empresa, levei-o ao médico e cuidei de meu filho o dia
todo. Na quinta fui trabalhar, mas com todo mundo me olhando torto. Entreguei o
atestado e fiz meu trabalho, mas ainda ouvi: "Você avisou?" Avisei
sim! Logo cedo!
Meu filho foi para a escola com a maleta com todos os remédios, a
receita médica e o inalador. Meu coração ficou com ele, liguei durante o dia
para ter notícias. Fiquei super chateada, mas eu tinha de ir trabalhar. O que
fazer? Perder o emprego e ficar desamparada? Nem todo mundo tem babá ou
empregada. E a época da mulher em casa passou.
ODETE DOS SANTOS (São Paulo, SP)
O Estado de São
Paulo - 25.12.11
Nascimento de
gêmeos aumenta 17% no País em menos de uma década
Todo ano, no Brasil, nascem 51 mil gêmeos, trigêmeos ou quadrigêmeos.
Crescimento é atribuído à popularização do uso de métodos de reprodução
assistida
24 de dezembro de 2011 | 20h 23
Clarissa Thomé e Sara Duarte, especial para O Estado
Veja também:
Supermães fundam associações de ajuda mútua
Pelo direito de não ter de vestir roupas iguais
RIO - Na contramão do encolhimento da população em geral, o número de
gestações de gêmeos, trigêmeos e até quadrigêmeos aumentou no País,
impulsionado pela popularização do uso de métodos de reprodução assistida. Em
sete anos, houve um aumento de 17% nesses nascimentos.
Os dados são da Pesquisa do Registro Civil 2010, divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles mostram que a
proporção de brasileiros nascidos de partos múltiplos passou de 1,59% em 2003
para 1,86% do total de partos em 2010. Ou seja, a cada ano, nascem mais de 51
mil múltiplos.
Estatisticamente, a chance de uma mulher engravidar naturalmente de dois
bebês de uma só vez é de 1 para cada 80 gestações. Mas em Estados com maior acesso
a tratamentos de alta complexidade, como Rio de Janeiro e São Paulo, a
ocorrência tem sido bem maior que a média.
Entre os 599 mil paulistas nascidos no ano passado, 13.215 eram gêmeos -
1 para cada 45. No Rio de Janeiro, onde nasceram 200.257 bebês no mesmo
período, a proporção de gêmeos foi de 1 para cada 51.
De acordo com o médico Renato Fraietta, da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), o aumento do número de gestações múltiplas está diretamente
relacionado ao uso de técnicas de reprodução assistida.
"Uma em cada cinco mulheres que engravida por meio de tratamento dá
à luz mais de um bebê", afirma. Isso acontece porque, para aumentar as
chances de gravidez, os médicos "turbinam" o organismo da paciente
com hormônios para estimular a ovulação ou implantando vários embriões de uma
vez.
Custo. Para quem está correndo contra o tempo, a ideia de fazer
algo para melhorar a performance do organismo é irrecusável. Afinal, além do
custo elevado - de R$ 2 mil a R$ 15 mil por tentativa -, os tratamentos têm um
pesado ônus emocional.
Moradores do Rio, Adriana Valle e Eduardo Matta viveram essa angústia
durante três anos. Primeiro, eles tentaram estimulação hormonal. Em seguida, a
fertilização in vitro. Nesse processo, o médico retira óvulos da paciente e os
insemina em laboratório. Dias depois, os embriões que vingaram são inseridos no
útero da paciente.
Nas duas primeiras tentativas, a gestação de Adriana não foi adiante. Na
terceira, ela engravidou dos gêmeos Bruno e Carol, hoje com 5 anos. "Foi
um processo longo e desgastante física e emocionalmente", lembra Matta.
"Mas, ao ver a carinha deles, vejo que tudo valeu a pena."
Casos de trigêmeos e quadrigêmeos são bem menos comuns - apenas 1,3 mil
por ano. Mas, quando acontecem, ainda assustam. A assistente de importação
Elisângela Ramos recorreu à técnica aos 30 anos, após 3 de casamento. Por ter
histórico de obstrução nas trompas e endometriose, partiu logo para a
inseminação artificial, processo em que o sêmen do marido é injetado no útero
da mulher no dia fértil.
Elisângela recebeu injeções do hormônio FSH, que estimula a ovulação, e
foi submetida à inseminação. Não apenas um, mas quatro óvulos foram fecundados.
"Eu não acreditava que seriam tantos", diz. "Se fosse hoje,
talvez tentasse engravidar pelo método natural."
Os quadrigêmeos Bruno, Beatriz, Lucas e Lívia nasceram em novembro de
2008, com pouco mais de 1 quilo cada um. E só foram para casa depois de dois
meses na incubadora. Elisângela parou de trabalhar e contratou duas babás, que
se revezavam dia e noite. Só neste ano, quando as crianças entraram na escola,
ela pôde começar a retomar a vida normal. "Ninguém imagina o trabalho que
dá cuidar de quatro bebês prematuros", conta.
Riscos. E não é só isso. Segundo o médico Artur Dzik, presidente da
Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, as gestações múltiplas oferecem
maior risco à saúde da mãe e dos bebês. "Antigamente, os tratamentos tinham
uma taxa de sucesso menor e se costumava colocar mais embriões", diz.
"Hoje, esse procedimento é questionável, pois há o risco de a gestação não
terminar bem." Bebês múltiplos têm dez vezes mais chance de necessitar de
UTI neonatal.
Regras. Nos próximos anos, a taxa de nascimento de gêmeos deve
baixar. Em 2010, o Conselho Federal de Medicina limitou o número de embriões
que as pacientes podem receber a cada tentativa. Para mulheres de até 35 anos,
são no máximo dois. Para as de 36 a 39, três. E para as de 40 em diante,
quatro. O médico Isaac Yadid, que participou da equipe responsável pelo
nascimento do primeiro bebê de proveta do País, em 1984, diz que a medida é
acertada. "As técnicas evoluíram e nosso dever é conduzir o processo com
segurança."
Supermães fundam associações de ajuda mútua
No Portal Múltiplos e no grupo Unidas pela Dor, mulheres que tiveram
dificuldade de engravidar trocam experiências
24 de dezembro de 2011 | 20h 14
Clarissa Thomé e Sara Duarte, especial para O Estado
Junto com a alegria, a gravidez múltipla costuma trazer muita apreensão.
Há nove anos, quando descobriu estar esperando três bebês, a empresária Majoy
Antabi entrou em parafuso. "Na época, não havia onde buscar informações
sobre o tema. Eu temia dar à luz antes da hora ou perder algum deles",
conta.
Enquanto gestava Henry, Laila e Maia, a empresária criou um blog para
trocar experiências com mães de gêmeos. Com o tempo, o projeto foi crescendo e
se tornou o Portal Múltiplos, que mantém um cadastro de 6.890 supermães. Hoje,
os trigêmeos de Majoy estão crescidos e ela teve até mais uma filha, Raica,
concebida naturalmente.
Mas não abandona o projeto. Além de se encontrar com leitoras, mantém
uma rede de apoio que distribui roupas, carrinhos e brinquedos usados para as
mães de primeira viagem. "Quem vê gêmeos ativos e saudáveis não sabe o
drama que a mãe deles passou nos primeiros meses", diz Majoy.
"Depois da angústia de vê-los lutando pela vida na UTI, vem o
trabalho duro. São pelo menos 18 fraldas por dia, mais de 30 mamadas ou então
latas de leite em pó especiais que custam no mínimo R$ 40. No primeiro ano, a
maioria das mães não consegue fazer a unha nem ir a um restaurante, porque o
dinheiro vai todo para os gastos com os bebês."
O pior é quando a gravidez múltipla apresenta complicações. Após oito
tentativas de inseminação, a engenheira civil Odete Santos ficou grávida aos 48
anos. Mas a gestação foi dificílima. "Quando o médico falou que eu estava
grávida de trigêmeos, senti a maior felicidade da minha vida", lembra.
"Mas logo tive um sangramento, provocado pela perda de um dos bebês. No
restante da gravidez, fiquei em repouso, tentando fazer tudo certo para não
perder os outros." Quando a gestação completou sete meses, constatou-se
que um dos bebês estava crescendo muito mais lentamente que o outro. Submetida
a cesariana de emergência, Odete deu à luz um menino e uma menina.
A nenê, que pesava 480 gramas, morreu aos 20 dias. "Fiquei só com o
Ricardo, que graças a Deus hoje é um menino forte de 5 anos", afirma. Com
base em sua experiência, Odete ajudou a criar um grupo chamado Unidas Pela Dor.
Suas integrantes se reúnem periodicamente para desabafar sobre o drama de não
conseguir engravidar.
Publicado no site
da ONG Amigas do Parto
A dor da perda de um filho
Odete dos Santos
Perder um filho, através de um aborto espontâneo ou retido, ou mesmo já
na gravidez avançada, é a maior dor que uma mãe pode sentir, porque houve a
interrupção do caminho natural da vida, que é gerar, gestar, parir e criar. A
vida não prosseguiu, foi abruptamente interrompida. Passar pela perda do bebê,
em qualquer uma destas fases é passar pela perda de um pedaço de nós. A dor da
perda é tão imensa que não pode ser descrita, é uma imensa mistura de
sentimentos, que vão da dor física à psicológica, da raiva, do rancor, à dúvida
e à culpa.
A dor física acontece quando há a expulsão do bebê, são contrações
iguais as do parto, porém sabe-se que o bebê não irá nascer vivo.
A dor psicológica é a que nos anestesia, nos confunde, nos dopa.
A raiva é o sentimento que se tem em relação a tudo e a todos à nossa
volta, mas principalmente em relação a si mesma, a este sentimento está
associada a culpa: afinal, o que fiz de errado? Eu tinha o poder de evitar o
aborto?
A dúvida é causada pela indefinição dos motivos que levaram à perda.
Normalmente estes sentimentos são sentidos todos juntos, causando o
marasma de sentimentos.
A forma de lidar com a dor da perda depende de cada mulher, não existem
regras, mas todas devem viver o luto. Luto pela morte do filho. Somente vivendo
o luto, a mulher consegue atravessar a dor e continuar a viver.
Não adianta não chorar, não falar, não gritar, não desabafar. Porém nem
sempre as pessoas que estão a nossa volta sabem como ouvir, o que falar e como
aconselhar. As pessoas, nestes casos, só precisam estar ao lado, se colocar ao
lado, se fazer presente, amparar, abraçar; não adianta dar exemplos, fazer
colocações simplistas ou religiosas do assunto, porque somente a mulher que
perdeu sabe o valor que tinha este filho, e somente ela sabe o tamanho da sua
dor. Perder um filho é perder um pedaço de nós, sobreviver à perda, é o
aprendizado que advém de tudo isto.
Odete dos Santos é Engenheira Civil, teve duas perdas gestacionais, é
moderadora do grupo de apoio a perdas gestacionais “Unidas Pela Dor”, e uma das
idealizadoras da ONG Projeto Ser Mãe.
Publicado no Livro,
Vizinhos de Útero de Jemima Pompeo
Novembro de 2011 – São Paulo / SP
Relato de Odete dos Santos, mãe de Ricardo, gêmeo sobrevivente.
“Durante muitos anos busquei o Ser Mãe, mas tive diversos obstáculos. O
tempo foi passando, e com mais de 40 anos me dei conta que poderia ficar sem
filhos...
Então resolvi tentar e para minha surpresa engravidei naturalmente, mas sofri um aborto espontâneo. Nova tentativa e nova perda. Meu mundo desabou.
Porém, usei minha dor e energia para fazer novas amizades e ajudar outras mães através do Grupo Unidas Pela Dor – um grupo que apóia mães que passam por esta terrível perda.
Não desisti. Operei vários miomas em duas cirurgias e tentei engravidar novamente. Mas, as tentativas foram frustrantes. Em 2005, um medico soube do meu sofrimento e do meu desejo de ser mãe, e me ajudou. Eu estava com 47 anos. Fiz uma ICSI - um desdobramento da técnica de fertilização in vitro, e tive quatro embriões.
Dos quatro, três conseguiram se fixar, mas logo perdi um, desespero geral. Ficaram dois e muito medo, uma gravidez complicada e repouso absoluto. Um dos bebes estava com problemas de crescimento, o outro estava bem. No sétimo mês de gestação, o bebê menor entrou em sofrimento, era a hora da decisão.
O medico me perguntou o que eu queria fazer e eu respondi que queria os dois bebês. Fui internada e monitorada por 10 dias. Em fevereiro de 2006 meus filhos nasceram com 32 semanas de gestação. Um casal de gêmeos: ela com 710 gramas e ele com 2.100 kg .
A partir dai foram 20 dias dentro de uma UTI Neonatal, com todos os problemas que se enfrenta neste lugar. Minha filha faleceu com 20 dias de vida. Havia ganho peso, mas uma infecção a matou. Só pude pega-la no colo, sem vida. Só pude beijar seu rosto, sem vida. Uma dor sem fim.
Apesar da dor, tive que ter coragem para cuidar do meu filho prematuro. Logo fomos pra casa. Sou mãe de múltiplos sim, e hoje luto para ser e fazer feliz o meu filho que recebe de mim todo o carinho do mundo.
Aproveito cada minuto ao lado dele porque estou com quase 53 anos, não sei até quando estarei ao seu lado, mas tenho um objetivo: Quero conhecer meus netos! Meu filho Ricardo é um gêmeo sobrevivente e está com 5 anos”
O feito da vida - Revista Sorria Edição n.º 13
Meu maior feito se chama Ricardo Augusto e tem 4 anos. Aos 40, quis engravidar. Perdi o bebê. Apesar da tristeza, engravidei novamente. Mais uma vez, perdi meu filho. Tentei outras inúmeras vezes, procurei clínicas, fiz tratamentos. Consegui de novo, agora de trigêmeos. Logo no início, um dos bebês não resistiu. Aos 7 meses, minha filha teve problemas na absorção de oxigênio. Ou eu fazia uma cesárea para salvar minha Dandy, ou esperava um pouco mais, para dar tempo de o Ricardo ficar forte para o parto. Eu queria os dois! Minha princesa nasceu com 700 g, e não resistiu a uma infecção aos 20 dias de vida. Mas meu príncipe foi crescendo, e hoje é um garoto lindo, que dá sentido à minha vida.
Odete dos Santos, 51 anos, São Paulo (SP).
Então resolvi tentar e para minha surpresa engravidei naturalmente, mas sofri um aborto espontâneo. Nova tentativa e nova perda. Meu mundo desabou.
Porém, usei minha dor e energia para fazer novas amizades e ajudar outras mães através do Grupo Unidas Pela Dor – um grupo que apóia mães que passam por esta terrível perda.
Não desisti. Operei vários miomas em duas cirurgias e tentei engravidar novamente. Mas, as tentativas foram frustrantes. Em 2005, um medico soube do meu sofrimento e do meu desejo de ser mãe, e me ajudou. Eu estava com 47 anos. Fiz uma ICSI - um desdobramento da técnica de fertilização in vitro, e tive quatro embriões.
Dos quatro, três conseguiram se fixar, mas logo perdi um, desespero geral. Ficaram dois e muito medo, uma gravidez complicada e repouso absoluto. Um dos bebes estava com problemas de crescimento, o outro estava bem. No sétimo mês de gestação, o bebê menor entrou em sofrimento, era a hora da decisão.
O medico me perguntou o que eu queria fazer e eu respondi que queria os dois bebês. Fui internada e monitorada por 10 dias. Em fevereiro de 2006 meus filhos nasceram com 32 semanas de gestação. Um casal de gêmeos: ela com 710 gramas e ele com 2.100 kg .
A partir dai foram 20 dias dentro de uma UTI Neonatal, com todos os problemas que se enfrenta neste lugar. Minha filha faleceu com 20 dias de vida. Havia ganho peso, mas uma infecção a matou. Só pude pega-la no colo, sem vida. Só pude beijar seu rosto, sem vida. Uma dor sem fim.
Apesar da dor, tive que ter coragem para cuidar do meu filho prematuro. Logo fomos pra casa. Sou mãe de múltiplos sim, e hoje luto para ser e fazer feliz o meu filho que recebe de mim todo o carinho do mundo.
Aproveito cada minuto ao lado dele porque estou com quase 53 anos, não sei até quando estarei ao seu lado, mas tenho um objetivo: Quero conhecer meus netos! Meu filho Ricardo é um gêmeo sobrevivente e está com 5 anos”
Meu maior feito se chama Ricardo Augusto e tem 4 anos. Aos 40, quis engravidar. Perdi o bebê. Apesar da tristeza, engravidei novamente. Mais uma vez, perdi meu filho. Tentei outras inúmeras vezes, procurei clínicas, fiz tratamentos. Consegui de novo, agora de trigêmeos. Logo no início, um dos bebês não resistiu. Aos 7 meses, minha filha teve problemas na absorção de oxigênio. Ou eu fazia uma cesárea para salvar minha Dandy, ou esperava um pouco mais, para dar tempo de o Ricardo ficar forte para o parto. Eu queria os dois! Minha princesa nasceu com 700 g, e não resistiu a uma infecção aos 20 dias de vida. Mas meu príncipe foi crescendo, e hoje é um garoto lindo, que dá sentido à minha vida.
Odete dos Santos, 51 anos, São Paulo (SP).
Leitora comenta coluna de Rosely Sayão sobre maternidade
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Sobre a coluna Desafio da vida real, de Rosely Sayão, tenho a dizer que ser mãe é maravilhoso, nos faz crescer e nos ensina a viver. Fui uma das primeiras a receber e a repassar o desafio e adorei fazê-lo. Em momento algum vi o desafio como uma forma de ofensa a uma condição que busquei com afinco por anos e anos. O desafio era uma brincadeira, algo leve e sem dramas. O mundo está muito complicado, as pessoas estão muito irritadas e sem um pingo de tolerância. Dá para ser e fazer diferente. Precisamos de paz.
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